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Re: Fwd: desculpas ao KDE

 

Célio,

a mim você não deve desculpas nenhuma. Inclusive, achei uma discussão muito
interessante. Essas questões de idéia/roubo, propriedade
intelectual/patente, são muito contraditórias e envolvem muitos aspectos
diferentes.

O próprio conceito de software livre não é de fácil entendimento em seu
cerne. Me surpreendo muito hoje em dia ver pessoas com muitos anos de
software livre e que até hoje não entenderam de verdade o que isso significa
e principalmente o que isso implica.

O conceito de comunidade não é de fácil compreensão, mas enfim, isso é só
uma anotação mental.

Boa sorte o seu projeto. Vá informando a gente dele, pois ficamos curiosos
agora.

Abraços,
Kemel Zaidan aka Legendario
Coordenador Ubuntu-BR-SP

jabber: legendario ARROBA jabber.org
twitter: @kemelzaidan

Eu prefiro receber documentos em ODF. Não sabe o que é? -> http://miud.in/V1



Em 10 de fevereiro de 2010 13:04, Célio Ishikawa <nassifudeu@xxxxxxxxx>escreveu:

> Essa é uma desculpa pública que redigi à lista do KDE e que repasso por:
>
> 1- conter o que digeri sobre questões sobre patentes, registros e outras
> questões
> 2- esclarecer como será a relação do meu projeto de interfaces com
> ambientes gráficos, questão que surgiu polemizado no projeto KDE mas que
> poderia ter surgido no GNOME, etc.
>
> Contextualizando na lista do KDE se somou o conteúdo polêmico das questões
> de licenças com questões particulares daquela lista quanto à moderação.
> Basicamente me comprometi a não mais usar cross-post, que na verdade era uma
> maneira de tentar economizar tempo respondendo em bloco questões semelhantes
> que apareciam em listas diferentes. Do mesmo modo, não mais usarei
> cross-posting em outras listas, o que surgir em uma será respondida só
> naquela lista, dando mais atenção à pessoa que perguntou.
>
> E assim naturalmente repasso a mensagem abaixo censurando a parte do
> Planeta KDE que só interessa àquela lista.
>
> No Kde a mensagem era de resposta e aqui objetiva publicizar procedimentos.
>
> Desculpem qualquer coisa,
>
> Célio Ishikawa
>
> ---------- Mensagem encaminhada ----------
>
> Olá pessoal.
>
> Inicialmente gostaria de pedir desculpas por ter subido o tom. Não sou como
> o Maddog (na juventude, quando ele ganhou esse apelido) mas tem momentos que
> acabo me exaltando. -------------------------------- ------------------
> ---------------------
>
> Vamos então à algumas questões de conteúdo. Desculpem se algumas questões
> fugiram do objetivo do KDE, mas não poso deixar de agradecer aos membros que
> tiveram o trabalho de comentar, criticar. Isso prova que há mentes
> brilhantes na lista e não teria conseguido chegar a algumas reflexões sem
> elas.
>
>
> 1. Quanto aos softwares livres e doações.
>
> Essa é uma das questões que não teria caído minha ficha sozinho.
>
> Num mundo ideal haveria diálogos assim:
>
> "o X.Org vai doar ao KDE pelos seus feitos"
> "Ah, que é isso, o KDE é quem vai doar ao X.Org"
> "olha, nós do desenvolvimento do Kernel vamos doar para vocês pois sem
> vocês muitos usuários não teriam entrado no Linux"
> "Que é isso, nós vamos doar a vocês pois nem X.Org nem KDE teriam chegado
> até aqui sem o Kernel"
> "Ei, já que temos dinheiro sobrando, que tal todos doarem para o projeo de
> Hardware Livre? E depois cada um porta os códigos para que o hardware novo
> funcione corretamente"
> "grande idéia, depois eles doam de volta para a gente"
>
> Como minha cabeça funcionava pensando nesse mundo ideal, é por isso que na
> minha imaginação o KDE doaria para o meu projeto. Vejo que foi um devaneio
> meu. E isso parece recíproco, no sentido do KDE também não poder querer
> doação de mim se o time do KDE ajudar a portar meu projeto aos usuários do
> KDE.
>
> Embora na minha cabeça faça sentido o modelo de doações mútuas até para
> acelerar desenvolvimento do Software livre (e ressalte-se aqui que o fato
> que eu querer ou não dinheiro é independente do meu apoio ao sofware livre),
> se não funciona desse jeito não posso fazer nada. Talvez seja por isso que
> um sistema de comunicação e doações seja um dos 10 projetos prioritários da
> FSF, ao lado das alternativas livres ao GoogleEarth e Flash. Mas enfim, se o
> KDE até agora vem trabalhando de uma forma, que continue assim.
>
>
> 2. Interfaces, patentes, licenças
> O grosso do restante é sobre interpretações quanto às patentes, licenças,
> etc. Digo "interpretações", mesmo que algumas informações tenham sido
> passadas com objetivo de mostrar "a verdade". Gostaria de dizer que li sim
> todas as mensagens, e o que pode ter acontecido é a assimilação de algum
> dado ter-me escapado, não quis desrespeitar ninguém.
>
> Um resumo dos tópicos:
>
> - Sobre registros e licenças
> A patente é um meio de registrar um conjunto de esquemas. Vou definir assim
> pois registro de "idéias" é inadequado e causou controvérsias (idéias não
> são patenteáveis, com exceção da USPTO, que paralisou o procedimento - vide
> http://www.linuxmagazine.com.br/noticia/eua_bane_patentes_de_software_ate_segunda_ordem).
> Já a licenciamento é feito depois, é outra coisa, e existe o termo
> "licenciar patente" que se trata de licenciar o seu uso/aplicação/difusão
> por terceiros, já que a autoria é inalienável. Do mesmo modo que regisrar é
> diferente de licenciar, licenças em CC (creative Commons) ou GPL são feitos
> à parte de patentes e alguns preferem chamar de "direito de compartilhar" ou
> "de cópia".
>
> - patente x FSF
> GPL pode ser feito com ou sem patente. No entanto, A FSF (Free Software
> Foundation) é contra patentes de softwares. Isso porque eles defendem uma
> filosofia e não porque sejam é impossível patentear e usar GPL. Pode não ser
> recomendável misturar smel e sopa, mas não que eles se separem como água e
> óleo. De minha parte deixarei assim: não usarei patentes, mas não como
> decisão definitiva, caso se mostre mais apropriado ter esse registro, o
> farei
>
> - Prior art, CC, Wordpress
> Esboçando estratégias, a licença em CC, argumento de Prior Art, divulgar,
> ter testemunhas, etc são coisas que não nasceram com a finalidade de
> registro de "idéias" ou "conjunto de esquemas", para o qual o mais adequado
> para muitos continua sendo a patente. (Onde por exemplo um esquema é do
> autor independentemente de ser desenhada com cores diferentes, carvão,
> guache, 3D design, etc, esse papo muda se estivermos falando de obras de
> arte - objetivo do CC - e dos registros de desenho industrial). Entretanto,
> apesar de compreender o objetivo delas, entendam que o uso delas é
> preventivo, e são alternativas que quero ter pelo fato de ter optado pelo
> não-patenteamento (na maioria dos casos).
>
> - interface é de quem?
> Existe uma discussão que para alguns é até anterior à discussão de
> resgistros ou licenças: Para alguns a interface sem código é apenas idéia.
> Ou colocando em outros termos: se idéia não é patenteável mas um "conjunto
> de esquemas" sim, Para alguns (como eu) a interface passa a ser um conjunto
> de esquemas a partir da definição de seu comportamento, enquanto que para
> outros, passa a ser o conjunto de esquemas a partir dos códigos fonte.
>
> É bom deixarmos ressaltado essa diferença de concepção. Existe um filme
> chamado "Piratas do Vale do Silício" em que os jovens Steve Jobs e Bill
> Gates introduzem a interface gráfica ao mundo. ("bons artistas copiam,
> grandes artistas roubam": http://www.youtube.com/watch?v=0Rvn71r_Oic ) e
> eles são chamados de piratas pois a interface gráfica com mouse foi
> desenvolvida pela Xerox (ou pode ter sido do Atari, como observou outro
> membro da lista http://en.wikipedia.org/wiki/File:Atari_TOS_1_0.png)
> Segundo alguns eles, eles se apropriaram indevidamente, mas segundo outros,
> o que eles fizeram foi legítimo, pois cada empresa gerou seu próprio código.
>
> Daí que precisamos esclarecer que não estávamos falando a mesma língua num
> dos pontos mais polêmicos: a do KDE "supostamente se apropriar" de
> interfaces dos outros tais como janelas, barras, etc. Seja porque se tratam
> de interfaces criadas há muito tempo (20 anos é suficiente para patentes se
> extinguirem, vide o desfecho do arquivo GIF que causava transtornos assim
> http://support.microsoft.com/kb/193543/pt-br mas é livre desde 2003
> http://info.abril.com.br/aberto/infonews/062003/09062003-3.shl), ou seja
> porque nunca foram patenteáveis, eu mesmo reconheço que KDE não se apropriou
> de nada.
>
> E quanto a minha interface a questão não é relevante pois já tinha intenção
> de deixá-la livre. A única consequência que a diferença de linguagem trará é
> que para alguns eu estarei sendo benevolente de disponibilizar, e para
> outros estarei fazendo o óbvio, mas como não ligo para títulos assim, não
> fará diferença.
>
> O KDE não me deverá nada (a não ser atribuição de autoria) mesmo que ela
> use a interface pagável (segundo alguns), pois anteriormente à isso já tinha
> intenção de mostrar a quem se interesasse no KDE. Só quero que compreendam
> se futuramente eu negociar alguma interface, algo possível segundo minha
> língua.
>
> Ademais, quando falei de detalhes do KDE visto em outros sistemas, de
> nenhum jeito quis dizer que ela é uma imitação do Windows. Bata ver
> demonstrações no Youtube para ver que KDE ganha.
>
>
> Não sei se esqueci de mais algum ponto, mas estamos aí.
>
>
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