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Fwd: desculpas ao KDE

 

Essa é uma desculpa pública que redigi à lista do KDE e que repasso por:

1- conter o que digeri sobre questões sobre patentes, registros e outras
questões
2- esclarecer como será a relação do meu projeto de interfaces com ambientes
gráficos, questão que surgiu polemizado no projeto KDE mas que poderia ter
surgido no GNOME, etc.

Contextualizando na lista do KDE se somou o conteúdo polêmico das questões
de licenças com questões particulares daquela lista quanto à moderação.
Basicamente me comprometi a não mais usar cross-post, que na verdade era uma
maneira de tentar economizar tempo respondendo em bloco questões semelhantes
que apareciam em listas diferentes. Do mesmo modo, não mais usarei
cross-posting em outras listas, o que surgir em uma será respondida só
naquela lista, dando mais atenção à pessoa que perguntou.

E assim naturalmente repasso a mensagem abaixo censurando a parte do Planeta
KDE que só interessa àquela lista.

No Kde a mensagem era de resposta e aqui objetiva publicizar procedimentos.

Desculpem qualquer coisa,

Célio Ishikawa

---------- Mensagem encaminhada ----------

Olá pessoal.

Inicialmente gostaria de pedir desculpas por ter subido o tom. Não sou como
o Maddog (na juventude, quando ele ganhou esse apelido) mas tem momentos que
acabo me exaltando. -------------------------------- ------------------
---------------------

Vamos então à algumas questões de conteúdo. Desculpem se algumas questões
fugiram do objetivo do KDE, mas não poso deixar de agradecer aos membros que
tiveram o trabalho de comentar, criticar. Isso prova que há mentes
brilhantes na lista e não teria conseguido chegar a algumas reflexões sem
elas.


1. Quanto aos softwares livres e doações.

Essa é uma das questões que não teria caído minha ficha sozinho.

Num mundo ideal haveria diálogos assim:

"o X.Org vai doar ao KDE pelos seus feitos"
"Ah, que é isso, o KDE é quem vai doar ao X.Org"
"olha, nós do desenvolvimento do Kernel vamos doar para vocês pois sem vocês
muitos usuários não teriam entrado no Linux"
"Que é isso, nós vamos doar a vocês pois nem X.Org nem KDE teriam chegado
até aqui sem o Kernel"
"Ei, já que temos dinheiro sobrando, que tal todos doarem para o projeo de
Hardware Livre? E depois cada um porta os códigos para que o hardware novo
funcione corretamente"
"grande idéia, depois eles doam de volta para a gente"

Como minha cabeça funcionava pensando nesse mundo ideal, é por isso que na
minha imaginação o KDE doaria para o meu projeto. Vejo que foi um devaneio
meu. E isso parece recíproco, no sentido do KDE também não poder querer
doação de mim se o time do KDE ajudar a portar meu projeto aos usuários do
KDE.

Embora na minha cabeça faça sentido o modelo de doações mútuas até para
acelerar desenvolvimento do Software livre (e ressalte-se aqui que o fato
que eu querer ou não dinheiro é independente do meu apoio ao sofware livre),
se não funciona desse jeito não posso fazer nada. Talvez seja por isso que
um sistema de comunicação e doações seja um dos 10 projetos prioritários da
FSF, ao lado das alternativas livres ao GoogleEarth e Flash. Mas enfim, se o
KDE até agora vem trabalhando de uma forma, que continue assim.


2. Interfaces, patentes, licenças
O grosso do restante é sobre interpretações quanto às patentes, licenças,
etc. Digo "interpretações", mesmo que algumas informações tenham sido
passadas com objetivo de mostrar "a verdade". Gostaria de dizer que li sim
todas as mensagens, e o que pode ter acontecido é a assimilação de algum
dado ter-me escapado, não quis desrespeitar ninguém.

Um resumo dos tópicos:

- Sobre registros e licenças
A patente é um meio de registrar um conjunto de esquemas. Vou definir assim
pois registro de "idéias" é inadequado e causou controvérsias (idéias não
são patenteáveis, com exceção da USPTO, que paralisou o procedimento - vide
http://www.linuxmagazine.com.br/noticia/eua_bane_patentes_de_software_ate_segunda_ordem).
Já a licenciamento é feito depois, é outra coisa, e existe o termo
"licenciar patente" que se trata de licenciar o seu uso/aplicação/difusão
por terceiros, já que a autoria é inalienável. Do mesmo modo que regisrar é
diferente de licenciar, licenças em CC (creative Commons) ou GPL são feitos
à parte de patentes e alguns preferem chamar de "direito de compartilhar" ou
"de cópia".

- patente x FSF
GPL pode ser feito com ou sem patente. No entanto, A FSF (Free Software
Foundation) é contra patentes de softwares. Isso porque eles defendem uma
filosofia e não porque sejam é impossível patentear e usar GPL. Pode não ser
recomendável misturar smel e sopa, mas não que eles se separem como água e
óleo. De minha parte deixarei assim: não usarei patentes, mas não como
decisão definitiva, caso se mostre mais apropriado ter esse registro, o
farei

- Prior art, CC, Wordpress
Esboçando estratégias, a licença em CC, argumento de Prior Art, divulgar,
ter testemunhas, etc são coisas que não nasceram com a finalidade de
registro de "idéias" ou "conjunto de esquemas", para o qual o mais adequado
para muitos continua sendo a patente. (Onde por exemplo um esquema é do
autor independentemente de ser desenhada com cores diferentes, carvão,
guache, 3D design, etc, esse papo muda se estivermos falando de obras de
arte - objetivo do CC - e dos registros de desenho industrial). Entretanto,
apesar de compreender o objetivo delas, entendam que o uso delas é
preventivo, e são alternativas que quero ter pelo fato de ter optado pelo
não-patenteamento (na maioria dos casos).

- interface é de quem?
Existe uma discussão que para alguns é até anterior à discussão de
resgistros ou licenças: Para alguns a interface sem código é apenas idéia.
Ou colocando em outros termos: se idéia não é patenteável mas um "conjunto
de esquemas" sim, Para alguns (como eu) a interface passa a ser um conjunto
de esquemas a partir da definição de seu comportamento, enquanto que para
outros, passa a ser o conjunto de esquemas a partir dos códigos fonte.

É bom deixarmos ressaltado essa diferença de concepção. Existe um filme
chamado "Piratas do Vale do Silício" em que os jovens Steve Jobs e Bill
Gates introduzem a interface gráfica ao mundo. ("bons artistas copiam,
grandes artistas roubam": http://www.youtube.com/watch?v=0Rvn71r_Oic ) e
eles são chamados de piratas pois a interface gráfica com mouse foi
desenvolvida pela Xerox (ou pode ter sido do Atari, como observou outro
membro da lista http://en.wikipedia.org/wiki/File:Atari_TOS_1_0.png) Segundo
alguns eles, eles se apropriaram indevidamente, mas segundo outros, o que
eles fizeram foi legítimo, pois cada empresa gerou seu próprio código.

Daí que precisamos esclarecer que não estávamos falando a mesma língua num
dos pontos mais polêmicos: a do KDE "supostamente se apropriar" de
interfaces dos outros tais como janelas, barras, etc. Seja porque se tratam
de interfaces criadas há muito tempo (20 anos é suficiente para patentes se
extinguirem, vide o desfecho do arquivo GIF que causava transtornos assim
http://support.microsoft.com/kb/193543/pt-br mas é livre desde 2003
http://info.abril.com.br/aberto/infonews/062003/09062003-3.shl), ou seja
porque nunca foram patenteáveis, eu mesmo reconheço que KDE não se apropriou
de nada.

E quanto a minha interface a questão não é relevante pois já tinha intenção
de deixá-la livre. A única consequência que a diferença de linguagem trará é
que para alguns eu estarei sendo benevolente de disponibilizar, e para
outros estarei fazendo o óbvio, mas como não ligo para títulos assim, não
fará diferença.

O KDE não me deverá nada (a não ser atribuição de autoria) mesmo que ela use
a interface pagável (segundo alguns), pois anteriormente à isso já tinha
intenção de mostrar a quem se interesasse no KDE. Só quero que compreendam
se futuramente eu negociar alguma interface, algo possível segundo minha
língua.

Ademais, quando falei de detalhes do KDE visto em outros sistemas, de nenhum
jeito quis dizer que ela é uma imitação do Windows. Bata ver demonstrações
no Youtube para ver que KDE ganha.


Não sei se esqueci de mais algum ponto, mas estamos aí.

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