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Re: como não fui ajudado a instalar "Linúx"

 

Olá a todos,

Infelizmente isso faz parte da natureza humana.
Não sou um expert em Linux, pelo contrário, mal sei usar meu Ubuntu e estou estudando para conhecer melhor o SO. Tive a pretensão de montar um grupo aqui na região de Campinas não por meus conhecimentos de GNU/Linux, mas sim pela filosofia e ideais que os Softwares Livres me deram. Acho que é uma forma de retribuir e contribuir com a "Família Pinguim", porém já senti na pele o que é sofrer esse tipo de "preconceito" por não ser tão bom quanto poderia.

Hoje mesmo, lendo uma matéria no VOL, em um comentário o leitor disse o seguinte:

"Bom, to nem ai, sabe, eu acho até bom o pessoal ficar no Windows porque ai sobra mais emprego bom na área de Linux. Linux é uma maravilha, é divertido até de instalar as coisas nele, ver aquele codigo fonte ser compilado e etc.... Deixem a TELA AZUL tomar conta, que se dane, é bom porque nossa área fica mais valorizada, o da hora é entrar em uma empresa com TUDO em TELA AZUL e aos poucos ir emplantando o magnifico PENGUIN para no final, olharmos a nossa obra prima, sem contar que o patrão começa a puxar o saco, ai entra o famoso "CHEFE, QUERO AUMENTO". HAHAHAHA"

Isso não acontece apenas no meio de software livre, acontece em todos os meios inclusive fora do âmbito tecnológico.

Claro que... Em se tratando de software livre o tratamento devia ser outro, já que há algo mais em simplesmente usar GNU/Linux. Há uma filosofia, um ideal a ser seguido, mas que raríssimas pessoas tem isso em mente.

Fico extremamente frustrado ao ver respostas grosseiras de usuários avançados para com usuários iniciantes, já li, inclusive aqui na lista, escreverem dizendo:

"Linux não é pra lammer. Usem Windows."

Espero que o autor não re-inicie a discussão sobre o caso ;-)

Não vejo ser esse o caminho para a difusão e conscientização para uso de softwares livres. Quando li o código de conduta do Ubuntu eu me senti no lugar correto, pois ele me diz exatamente o que eu quero e o que prego com qualquer pessoa que eu fale sobre SL. Mas não basta ter esse código, não basta ter essa filosofia se pessoas no meio agem de maneiras diferentes.

A última coisa que quero é ser o dono da verdade, pelo contrário, todos os dias de minha vida será um dia para aprender algo novo e compartilhar o que aprendi, pois só assim eu poderei saber que aprendi mesmo, vendo que outros desfrutam daquilo que me foi passado da mesma maneira.

Se começarmos a pensar somente em nossos umbigos não vamos conseguir levar adiante a popularização do Linux, sei que alguns querem realmente isso, mas eu não. Não quero isso porque tudo o que eu recebo de bom na minha vida eu quero poder compartilhar com as pessoas que eu gosto. E isso aqui não é diferente, quero continuar a receber os valiosos ensinamentos que muitas pessoas boas tem a paciência e a calma para me ensinar, assim como retransmitir tudo o que aprender nesse longo caminho.

Um grande abraço a todos e fiquem na paz,

Edson "Mondra" Lima
Ubuntu Campinas
www.ubuntucampinas.org <http://www.ubuntucampinas.org>
Conhecimento só é válido quando compartilhado

Em 09-03-2010 10:29, Célio Ishikawa escreveu:
Não importa agora quem fez o que, não importa dar nome aos bois. O que importa é a impressão que tive da coletividade, e o objetivo é fazer refletir sobre o movimento geral de evangelização, se está acolhendo e estimulando os que podem chegar.


-----------início do artigo------------

Será que os defensores de softwares livres estão estimulando os outros a instalar "Linúx"? Fui verificar a situação in loco e não fui muito ajudado não... Esse artigo mostra como foi.

Como ia ter um evento de Linux, me juntei à uma mini-caravana para irmos até lá. Para ver como eles se viravam para ajudar um simpatizante do movimento a instalar linux, fingi que sabia pouco, apesar de eu ser um dos maiores desenvolvedores do kernel. Até tinha treinado para pronunciar "Línux" ao invés de "Linúx" para acentuar meu desconhecimento.

Vi que mostravam uma certa arrogância em cima do simpatizante que supostamente sabia menos, um mero usuário de Gimp que gostou da filosofia do software livre, era esse o perfil que passava para eles. Será que eles conseguiriam fazer esse artista gráfico ficar contagiado a ponto de convencer esse meio a usar linux? Vamos ver... comecei a contar o caso de uma amiga que usava Photoshop no MacOSX e ela entendia tão pouco de computadores que achava que para usar Windows ou Linux tinha de comprar outro computador. Ela não sabia nada de particionamento e dual-boot, algo ainda mais possível já que o Mac dela usava chips Intel.

Mas aí eles mostravam que sabiam ainda mais, falavam que se ela quisesse instava outro sistema em máquina virtual, etc. Aliás não é solução boa pois o pessoal de artes gráficas quer desempenho bom nas tarefas e emular outro sistema limita o desempenho... Mas OK, ao invés de dizerem algo de incentivo como "puxa, você entende mais do que sua amiga, você poderia ser o pioneiro de sua área para difundir software livre", mostravam que tinham mais conhecimento que o novato. Se bem que por outro lado, elogiar desse jeito seria justamente para o pioneiro se tornar arrogante, então arrogância por arrogância talvez não fosse dar em nada mesmo... mas vamos deixar as questões filosóficas de lado.

Prosseguindo, deixei escapar que o laptop que estava levando tinha WinXP. Aí ficaram bravos. Não adiantava dizer que era dual-boot nem que o Linux tinha incompatibilidades de hardware e software. "Linux funciona com tudo", diziam com convicção. Reclamaram dos "idiotas" que soltam tutoriais sem noção, que indicam repositórios errados aos leigos, de firmwares, etc, e o clima tava ficando mais tenso. Será que se pode ser assim com o simpatizante? Bom, se bem que 1- esse simpatizante estava indo ao evento de Linux carregando um laptop com Windows e 2- ele estava indo com a mini-caravana, será que tavam com medo de que o integrante da caravana desse mico? Não sei, só sei que a caravana era apenas o meio do simpatizante ir ao evento, mas que agora os olhos e dedos se voltaram contra ele: "olha aqui, se tiver adesivo de Windows colado no seu laptop a gente vai queimar" WOW!

Não que estivesse vendo a morte nos olhos deles, já que ainda havia discontração. Tiraram sarro do meu forte sotaque finlandês, mas fazer o que? Mas a energia nos olhos deles podia ser boa: "dá aqui seu laptop. Em 30 minutos você nunca mais vai ter os problemas que relatou, vírus, etc". Pegaram de um jeito meio bruto para ver se tinha adesivo do windows, (que repetidas vezes já tinha falado que não tinha, mas não sei porque acho que não acreditaram, sabe-se deus porque), mas OK, se iam conseguir ia ser bom, e mais simpatizantes pelo mundo espalhariam as maravilhas do software livre. Saí dando a desculpa de que ainda tinha de aprontar a palestra que ia dar no evento e fiquei batendo papo via skype com meu neto da Finlândia.

1 hora depois voltei e... nada! Foi assim, primeiro encontrei um deles e perguntando para ele, ele disse que "os caras iam tentar" mas que ele não sabe como ficou. Quer dizer, ele tinha tirado o corpo dele fora, agora eram os caras (sem ele) que tavam tentando. Senti que tinha algo errado, e encontrei os caras. "Vocês conseguiram instalar?", "Não", "Como não? Vi vocês começando o boot!", "Mas congelou numa tela e não foi para frente."

Eu tinha dito a eles que tinha esse risco, pois o meu laptop é velho e tem hardware modesto e a a tela da instalação congelar acontecia com algumas distribuições, mas eles falavam com uma convicção como se dissessem "as outras distros são outras, o Ubuntu vai rodar". Disseram que talvez fosse o caso de tentar com Xubuntu ou outra distro para hardwares modestos.

No dia seguinte, resolvi eu mesmo tentar instalar PuppyLinux, já que pelo modo como falavam, o laptop tinha virado problema meu e não deles. Anos atrás vi gente menos exaltada dizendo que instalar era questão de honra e tentar por várias horas até conseguir, mas tudo bem, não se pode esperar encontrar gente assim sempre.

Acontece que aí fui experimentar o programa GrubConfig do Puppy que gerou um novo menu do Grub no MBR. Só que reiniciando, os boot não funcionavam, e tava estudando esse problema. Um dos caras acordou e fui pedir a opinião dele. Ele olhou o laptop e acho que nunca vou esquecer:

"Porque você não compra um laptop novo? Ia resolver todos -TODOS- os seus problemas!"

Provavelmente ele sugeria comprar um laptop com Linux, mas tentei desconversar:

"É que ultimamente ando ruim da grana..." (o que é mentira)

"Faz em 18x nas Casas Bahia!"

E mesmo que seu comprasse um laptop novo, o que ia fazer com o velho? Dar a outro com Windows instalado (o que é ilegal, segundo um membro da caravana explicando os termos do "uso pessoal" segundo os termos da Microsoft) e dizer que infelizmente os linux não entraram? E eu saio feliz com um laptop com linux novo?

A diária do Hotel tava acabando então fomos todos ao carro. Não dava para investigar mais. Quando fui relatar os problemas, começou uma avalanche de questionamentos a mim: "porque você não tentou Xubuntu como dissemos?", "Porque você foi mexer no Grub?" "Por que seu rosto me lembra o famoso cara que desenvolve o kernel?"

Fui falar do "Maldito grub todo errado" e levei um sermão: "Não, o grub não tem nada de errado, funciona certinho. O problema é o que botam lá dentro, seja você ou o script que detecta os stistemas a carregar com Grub".

Aí alguém acrescenta que o script do Ubuntu detecta tudo certinho então eu deveria ter mexido (a culpa é minha). Aí disse que não tinha sido eu, mas o script do Puppy. Como alguns começaram a falar que nunca ouviram falar desse tal de "Titu, Puti, ou Tutu Linux", fui explicando que não é nenhuma porcaria, apenas acionei o GrubConfig que não faz parte do processo de instalação do Puppy. Mas então (A culpa é minha?) eu tinha sido errado de tentar instalar Puppy de um jeito que ele não tinha sido projetado para ser usado daquele jeito.

A anotar: o fenômeno do duplamente culpado: Caso 1: sou culpado pelo não funcionamento e ainda por cima de tentar acusar o grub de não funcionar. Caso2: sou culpado por não conseguir fazer funcionar e escolher um script (grubconfig do Puppy) que não resolve.

E o fenômeno das culpas contraditórias: sou culpado pois o grub é simples então eu devia saber mexer e culpado também por ter mexido sem entender tudo. Ou seja, ou não sei nada ou sei tudo sobre grub, não devia tentar arriscar sabendo só o básico.

Vou mostrar as linhas principais do menu.lst da discórida:

# GRUB configuration file '/boot/grub/menu.lst'.
# generated by 'grubconfig'.  Sun Mar  7 11:01:28 2010
#
# The backup copy of the MBR for drive '/dev/sda' is
# here '/boot/grub/mbr.sda.25792'.  You can restore it like this.
# dd if=/boot/grub/mbr.sda.25792 of=/dev/sda bs=512 count=1
#
# Start GRUB global section
#timeout 30
color light-gray/blue black/light-gray
# End GRUB global section
# Linux bootable partition config begins
  title Linux (on /dev/sda3)
  root (hd0,2)
  kernel /boot/vmlinuz root=/dev/sda3 ro vga=normal
# Linux bootable partition config ends
# Linux bootable partition config begins
  title Linux (on /dev/sda5)
  root (hd0,4)
  kernel /boot/vmlinuz root=/dev/sda5 ro vga=normal
# Linux bootable partition config ends
# Linux bootable partition config begins
  title Linux (on /dev/sda6)
  root (hd0,5)
  kernel /boot/vmlinuz root=/dev/sda6 ro vga=normal
# Linux bootable partition config ends

Assim ele foi detectando as partições linux indiscriminadamente, até partições home eram colocadas como opção de boot. Mas a culpa recaía em mim.

Para concluir, pro lado do usuário inexperiente, ele fica sem o sistema, é ulpado de um monte de coisas, incrisive o de não ter dinheiro, etc.

Mas do lado da mini-caravana: ela não instalou como prometido, não quis ouvir muita coisa, etc, transferiu a culpa para os outros, Será que esse é o caminho para conseguir expandir o software livre?

Por fim, durante o bate-papo do evento, duas falas comentaram que as mulheres conseguem convencer mais os outros a adotar o software livre. Um dos mediadores até falou: "eu nunca consegui convencer ninguém, mas minha esposa conseguiu". Será que o que escrevi acima não tem relação com isso?

Célio Ishikawa

---------------fim do artigo-----------------

Se não se importarem, pretendo futuramente revisar e mandar o artigo para a VOL.

Célio


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