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Se enchi o saco peço desculpas

 

Quando estou pensando não consigo ficar quieto, tenho de falar.

Por isso peço desculpas.
Poderia ser dito que se reconheço que enchi o saco uma forma de pedir
desculpas seria não escrever mais, mas esse é meu jeito de pedir desculpas.

Recebi um baque e fiquei chocado. Das 5 listas de software livre que conheço
fui colocado em observação em 3. Da lista do KDE posso me considerar
expulso. Ainda recebo e-mails mas não posso responder. De certa forma é
pior, pois sem poder reagir fico recebendo mensagens tipo "excluam de vez",
"aleluia", "ele só fica falando, idéia que é bom nada" (esse último é
irônico pois eles não receberam a idéia que tentei mandar em seguida) e
"xiu, encerre o tópico, vamos falar de coisas felizes".

Eu estava me abrindo (em 2 sentidos pois expus a interface também) e ao
invés de recepção recebi rejeição.
Então fiquei pensando por que virei um assunto infeliz.

*Não mergulhei de cabeça* - lembrei de traumas anteriores. Me lembrei como
fui também praticamente expulso de um dos escritórios que mexem com
patentes. Efetivamente não recebi um "saia", mas aquele senhor, após fechar
a cara (o que aconteceu a partir do momento que viu que eu não tinha
dinheiro), passou a não me olhar, só olhava para o computador e dava
respostas monosilábicas. Ele queria que eu logo abraçasse o modelo de
patentes e o pagasse. Ele não tava entendendo nada dos meus dilemas sobre
questionar esse modelo. Não deve ter ouvido (nem entendido) nada do que
falei sobre software livre.

Se cometi algum erro nesse lado, do Software Livre, esse erro parece ter
sido de não mergulhar de cabeça. Ou mergulho de cabeça no modelo patenteado
ou mergulho de cabeça num modelo que nem quer ouvir falar de patentes.
Parece que as pessoas se irritaram com as minhas inquietações e dúvidas
entre um modelo ou outro.

*
**Superestimei o vontade de inovar (e recebi "o que isso tem a ver com
KDE?")
*Meses atrás, quando ainda cogitava conhecer melhor o modelo de Software
Livre, diziam que se a minha inovação tem a ver com interface, deveria
buscar o KDE ou Gnome. "Eles estão atrás de idéias novas". No site do KDE se
fala em tentar ser a interface mais inovadora.

Mas falando sinceramente, penso que se KDE fosse em modo texto, iam receber
o mouse como "o que isso tem a ver com KDE?". Imaginemos que o kde tenha
surgido na época das interfaces texto e a briga entre desktops fosse entre o
modelo DOS e terminal Unix, e o KDE fosse um modelo de shell. Nesse cenário,
se começassem a surgir notícas sobre mouse, eles iam dizer: "mas o que isso
tem a ver com KDE?"

Por favor, não entendam como uma opinião ressentida, estou tentando é
entender como trabalham. Se o mundo fosse em modo texto, o KDE tentaria ser
o melhor shell, E agora, como é modelo WIMP (Window, Icon, Menu, Pointer)
eles tentam ser a melhor interface gráfica, mas não querem ultrapassar
modelos e se possível querem que a discussão seja em contribuições usando o
SDK deles.

Devia ter pressentido pois quando entrei em listas de software livre, tentei
mandar umas mensagens iniciais para me enturmar. No caso do KDE, quando
repassei a informação de que haveria uma oficina de robôs com software
livre, recebi o primeiro "O que isso tem a ver com KDE?". Não sei se as
relações começaram a corroer quando dei uma resposta que pensando bem pode
ter soado irônica: "OK, quando os robôs estiverem rodando por um aplicativo
do KDE eu aviso". A única vez que me agradeceram lá foi quando dei umas
contribuições para a tradução do release do KDE 4.4.


*Não tenho direito de ser GPL, só compatível.*
"Software Livre tem espaço para todo mundo, mesmo quem não é programador."
Talvez eu tenha superestimado essa frase. Efetivamente recebi houve
discussões no sentido de questionar se não é muita pretenção da minha parte
querer adotar GPL ou BSD sem programar. Até agora sempre disse que quem sabe
programar tem uma capacidade que invejo, mas se adotar GPL tem um status que
soa para os programadores pretencioso da minha parte adotar, tudo bem, direi
que só quero ser compatível com GPL.

Tem coisas de interfaces que não são compatíveis com GPL. A paleta de cores
Pantone não pode ser usada por Inkscape ou Gimp pois é registrada. A
discussão aí não tem a ver com códigos-fonte mas mesmo assim Pantone não é
compatível com GPL. Então eu declaro: não quero ser GPl, apenas compatível
com GPL.

Isso é até bom pois agora sim a discussão descola de vez da dúvida patentear
ou não. O Dock do Macintosh é patenteado, mas a Apple não processou ninguém
que copia. Tem docks para Gnome, XFCE, Enlightment17, etc


*Windows não copiou Mac*
Falando em Mac, tem outra discussão na qual levei o MAIOR PAU, mas foi bom
para aprender sobre visões de desenvolvedores. Para o KDE interface por si
só não quer dizer nada e Windows não deve nada a Mac pois não roubou o
código para a interface gráfica funcionar. Aprendi também que pela coerência
do raciocínio, eles "não se apropriaram de nada do Windows". Foi dito
explicitamente que interfaces, na opinião deles, sequer são coisas
registráveis/patenteáveis quando não envolvem código. Interface por sí só é
só enfeite, design. A glória é do programador. Não vou mais discutir isso,
só vou respeitar essa opinião.

Só fico pensando como será quando houverem hardwares livres. No nosso
dia-a-dia, tem muitos produtos que ficaram melhores por sofrerem um
redesenho, foi acrescentado uma dobradiça, o material mudou, etc. Muitas
dessas soluções de design são patenteadas. São soluções que mudaram a
interação com o produto, poderia-se dizer que mudou a interface. Quando
disseminar o movimento de hardware livre, no raciocínio aplicado pelo KDE,
um novo design que melhore ou extenda as funções do equipamento hardware
livre fará pouca glória do designer e a glória fica para o montador. Pode
ser que seja argumentado que o designer não botou a mão na massa, o montador
sim. Não sei, só quando acontecer o momento para saber como será.


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Estou relendo a mensagem e dá impressão que estou me defendendo e não me
redimindo. Por favor, é minha maneira de descrever debates, por dentro estou
muito chateado e querendo me redimir sim. Quero respeitar o modo do KDE
pensar, eles não devem nada pois a contribuição para tradução que dei foi
bem pequena, tipo na última revisão antes de lançarem. Peço descupas mesmo
por ficar discutindo patentes quando isso irrita as pessoas já decididas por
software livre. Desculpem também a pretenção de ser GPL, agora entendo que
meu plano é ser compatível com GPL, não quis bancar o programador.

Quero me redimir, aprender as lições e encontrar caminhos para mim, mesmo
que não cruzem com os seus.

Abraços,

Célio

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