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RES: Finances, Accounting & Legal English-Portuguese Glossary

 

Mauricio

Sobre o chart of accounts. Desculpe se ficou muito longo, mas espero que
seja didático.

 

Há dois fatores que “destruíram” a prática contábil nas empresas
Brasileiras. Primeiro foi o caixa dois: para sonegar impostos as empresas só
contabilizam o “oficial” e com isso os relatórios contábeis e as apurações
de custos se tornaram inúteis. Piorou quando o governo criou o lucro
presumido, a partir do qual as empresas desobrigadas de apresentar o balanço
pararam de contabilizar as despesas (principalmente de pequeno valor).
Surgiram controles paralelos, por exemplo, o fluxo de caixa que é registrado
em separado da contabilidade.

 

Observe que temos um desafio para o OpenERP: como lidar com o caixa dois? Eu
não me preocupo porque não preciso disso. No entanto, há soluções no Brasil
que de alguma forma atendem essa demanda dos compradores – porém não sei
explicar como fazem isso.

 

O meu interesse pelo OpenERP é justamente porque tem o plano de contas no
seu centro. O uso que quero fazer dele é em uma entidade assistencial na
qual trabalho como voluntário. Como ela tem o registro de utilidade pública,
não recolhe IR, mas está obrigada a seguir a legislação de apuração por
lucro real com todos os livros e contabilidade completa para manter o
benefício. Hoje fazemos a contabilidade como vc descreveu (partidas dobradas
e todos os livros), há um longo plano de contas e existem as contas de
resultado, para isso usamos um software simples, só para contabilidade, mas
que não tem integração com folha, compras, etc.

 

Já no meu trabalho remunerado, de consultoria, faço serviços de verificação
(QA) do projeto de implantação, normalmente grandes projetos SAP para
grandes empresas. Nesses casos não tem caixa dois, por um motivo simples: se
houvesse, o dono/acionista seria lesado/roubado por quem usa o dinheiro do
caixa dois. Na medida em que as empresas crescem, precisam de um sistema
seguro e confiável justamente para evitar as fraudes (como a do caixa dois).

 

Normalmente a grande empresa já tem um plano de contas complexo que
implementa no ERP. Uma das vantagens de ter uma boa contabilidade é poder
calcular o custo médio, a Fiat Brasil, por exemplo, tem mais de 70 modelos
em produção (contando todas variações de cada carro) e apura o custo médio
por modelo até o dia 5 de cada mês, com cálculo de imposto para cada um,
etc., isso só é possível porque a contabilidade é muito bem feita.  

 

De modo geral, o plano de contas é regulamentado pelas bolsas de valores e
pela associação de contadores. Empresas americanas seguem o GAAP, e no
Brasil o novo SPED alinha-se aos padrões internacionais, com isso qualquer
investidor sabe interpretar o que é ativo, obrigações, custo de produto,
custo de vendas, etc. e comparar qual empresa é melhor.

 

Nos projetos ERP das grandes, cada uma usa seu plano de contas, único e que
atende às particularidades da empresa. Há muitos ajustes a fazer nos
relatórios gerenciais, sempre. Já a questão de “quanto iremos pagar de...”
funciona diferente do que vc sugere. O processo é planejar e depois
verificar. Cria-se um orçamento planejado para cada centro de custos, o que
permite planejar um resultado. Assim, antes de começar o mês você planeja
quanto vai pagar de impostos, quanto vai consumir de materiais, quanto vai
pagar de salários, etc. Depois, ao fim do mês, as despesas reais
contabilizadas em cada conta são comparadas ao planejado. Portanto, a
qualquer momento devemos saber quanto ainda podemos gastar para manter o
real dentro dos limites do planejado.

 

P é a letra mais importante do ERP, pois significa planejar. R significa os
recursos que vamos planejar. Os recursos são definidos ou determinados pelo
plano de contas, já que cada recurso recebe um número, o centro de custo:
pessoas, PJ contratados, materiais, máquinas, cada recurso é representado
por um centro de custos. Se você gasta em manutenção, correlaciona a despesa
ao centro de custos da máquina, assim, quando calcula o custo do produto,
soma o custo da máquina, que já inclui o custo da manutenção... não escapa
nada.

 

No conceito ERP administra-se executado x planejado. O resultado não é
surpresa. O plano de contas é a estrutura básica para executar o ERP. Na
empresa de manufatura, a estrutura lógica é a BOM - Bill of Materials, é a
equação que define quanto de cada material é empregado para construir o
produto, é a “receita” para compor um produto, é com essa receita que a
empresa inicia a estruturação do plano de contas (vai relacionar qual
material ou insumo é contabilizado em qual centro de custos e como isso se
soma para compor o resultado). Na empresa de serviços, não existe a BOM, o
que dificulta a estruturação lógica do plano de contas. Aqui é que entram os
consultores: repensar e modelar o negócio e organizar o modelo preditivo de
resultados, que será solidificado no plano de contas.

 

Nosso módulo Brasil pode começar com o plano genérico do SPED (o que já está
sendo feito). Mas em cada implantação, caberá ao consultor que está
conduzindo o projeto, ajustar o plano de contas para o cliente. Haverá
clientes mais exigentes e outros que se contentarão com o plano genérico.

 

No exemplo Peru, ele continuou usando VAT (em uma conta só). O desafio para
nós, Brasil, será criar uma conta para cada imposto. Na contabilidade
completa da entidade assistencial que citei, temos IR, ICMS, COFINS, INSS e
“outras contribuições”, todas dentro de um mesmo grupo de contas. O detalhe
é que os recolhimentos e demonstrativos são feitos em separado, nos
aplicativos da receita (gerador dos arquivos que são entregues mensalmente)
e pegamos o resultado calculado e digitamos no sistema contábil, não tem
integração. Da mesma forma, no OpenERP, podemos ter uma interface que extrai
os dados da contabilidade, alimenta o módulo externo de livros fiscais que
calculam o imposto e geram os arquivos para entrega, e outra interface para
pegar os resultados e inserir na contabilidade (por exemplo, no agrupamento
de contas que hoje é chamado de VAT).

 

Espero ter ajudado no entendimento.

 

[ ]

Bicudo

 

  _____  

De:
openerp-brazil-team-bounces+pedro.bicudo=tgtconsult.com.br@lists.launchpad.n
et
[mailto:openerp-brazil-team-bounces+pedro.bicudo=tgtconsult.com.br@xxxxxxxxx
nchpad.net] Em nome de Mauricio Baduy
Enviada em: quarta-feira, 16 de setembro de 2009 21:15
Para: openerp-brazil-team@xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Assunto: [Openerp-brazil-team] Finances,Accounting & Legal
English-Portuguese Glossary

 

Olá,

Passada a tempestade da nota fiscal eletrônica, voltei a analisar a
documentação do Openerp, e comecei pela contabilidade. O link abaixo, possui
um extenso glossário de termos financeiros, contábeis, etc, em inglês com
tradução para o português. Estou achando-o útil para entender melhor o que o
Openerp faz.

http://www.sk.com.br/sk-fcj.html

É um bom complemento para o glossário existente no bluwiki.

O plano de contas a ser implementado será o Plano de Contas Referencial da
Receita Federal? O que está sendo pensado a respeito? Desculpem se a
pergunta for inadequada.

Minha experiência com contabilidade é bem mais simples do que propõe o
Openerp.  O sistema que é usado na empresa é um plano de contas de 5 níveis,
do tipo tradicional, usado largamente em empresas industriais e comerciais.
Os lançamentos são efetuados em partida dobrada, usando um sistema de
histórico padrão que permite várias inserções de textos variáveis, e no fim,
produzir balancete, demonstrativos, Diário e Razão. Achei interessante a
classificação das contas quanto ao tipo de transação que ela recebe, e
imagino como pode ser versátil uma contabilidade feita da maneira proposta
pelo Openerp.

No link 

http://beeznest.wordpress.com/2008/12/27/openerp-5-creating-a-chart-of-accou
nts-first-draft/

o autor Yannick Warnier conta a experiência de criar um plano de contas para
o Perú. É uma leitura interessante (pelo menos para mim). 

Os membros da lista que tem experiência com contabilidade como implementada
pelo Openerp, poderiam comentar a respeito? 
(Bicudo: se você tiver um tempinho, conte um pouco da sua experiência com
outros ERPs).

Fico imaginando como seria eficiente gerenciar uma empresa sabendo, a
qualquer momento, quanto iremos pagar de PIS, COFINS, ICMS,  ICMS-ST, IPI,
etc, quanto um determinado produto está contribuindo para a margem de lucro
da empresa, se está dando prejuízo, etc.

É uma revolução na gestão das empresas!

Maurício


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